Origens

 

A família Rodrigues Milagres tem suas origens na pequena freguesia de Nossa Senhora dos Milagres de Cambeses, termo da Vila de Monção, na região do Minho, às margens do rio de mesmo nome, no extremo norte de Portugal, quase na divisa com a região espanhola da Galícia.

 

Cambeses é uma comunidade antiga, anterior a Portugal, enquanto reino unido e consolidado.

 

 O topônimo Cambeses provém do celta, camba, que significa moinho pequeno. Na doação do rei Bermudo II a Compostela (991) já figura como \"villa de Cambeses\". A antiga freguesia de S. Salvador de Cambeses (depois Nossa Senhora dos Milagres de Cambeses) foi constituída nos primórdios da nacionalidade. Administrativamente, depois de ter pertencido ao termo da Penha da Rainha, passou a integrar o atual concelho de Monção.

 

Cambeses hoje:
Orago: Divino Salvador
População: 915 habitantes
Atividades econômicas: Agricultura e pecuária, vinicultura, pequeno comércio, extração de granitos e floresta
Festas e romarias: Divino Salvador (6 de Agosto), Nossa Senhora dos Milagres (8 de Setembro) e Santo Amaro (15 de Janeiro).

Patrimônio cultural e edificado: Igreja paroquial, Santuário de Nossa Senhora dos Milagres, Capela da Senhora da Boa Morte, Cruzeiro do Carregal e Casa do Carregal.

 

 Outros locais de interesse turístico: Buraco da Moura, Miradouro do Coto do Crasto e Largo do Carregal.

 

 Gastronomia: Carneiro assado no forno de pão, cozido à portuguesa e vinho Alvarinho.

 

 Coletividades: Associação Filarmônica Milagrense.

 

 Cambeses confronta com Monção e Troviscoso, a norte, Parada e Moreira, a sul, Longos Vales e Sago, a nascente, e Mazedo e Pinheiros, a poente. São seus lugares principais: Sende, Milagres, Carregal, Grandal, Casa Nova, Mende, Outeiro e Outeirinho, Coto, Cerdeiras e Requesende.

 

Terra fértil, excelente produtora de vinho, cereais, azeite, feijão e hortaliça, em tempos não muito recuados deverá ter conhecido um considerável desenvolvimento, atestado na realização da feira aos 11 de cada mês.

 

 Ainda hoje existem Milagres em Cambeses, descendentes provavelmente dos irmãos de Luiz Rodrigues Milagres, mas sabemos que podemos encontrar descendentes desta família também em outras partes de Portugal e em Goa (antiga colônia portuguesa na Índia). Estes devem ser descendentes de filhos de Antônio Rodrigues Milagres e/ou mesmo de seus 2 netos, filhos do seu filho que veio para o Brasil e que retornaram para Portugal no final do século XVIII. Além disso, alguns dos descendentes dos Milagres no Brasil mudaram-se depois para Portugal.


É importante lembrar que muitas famílias que se destacaram na melhor sociedade das Minas Gerais nos séculos XVIII e XIX são originárias da região do Minho e com os Milagres não foi diferente.

Mas ao contrário dessas outras famílias, os Milagres não possuíam e ainda não possuem um brasão de armas, pois nosso sobrenome se deve a um fato de cunho religioso.

 

 O historiador Allex Assis Milagre nos informa que:
“Segundo a tradição, o primeiro a assinar o sobrenome Milagres foi Antônio Rodrigues Milagres, no final do século XVII ou início do século XVIII, após alcançar uma graça por intercessão de Nossa Senhora dos Milagres – padroeira de Cambeses – que o livrara de um risco de morte. Assim, acrescentou Milagres ao seu sobrenome. Antônio Rodrigues era natural de Cambeses, sendo filho de Pedro Gonçalves, também natural de Cambeses.”
Apesar de não termos descoberto o nome de sua mãe, acreditamos que o sobrenome da mesma era Rodrigues, daí, apesar de ser filho de Pedro Gonçalves, Antônio era Rodrigues.

 

 Antônio Rodrigues Milagres casou-se com a valenciana Páschoa Lourença da Silva, filha de Domingos Lourenço, natural da freguesia de Santa Maria da Moreira, em Valença do Minho. Este casal vivia em Cambeses, onde também nasceram os filhos e entre eles, o patriarca dos Milagres no Brasil, Luiz Rodrigues Milagres, que veio para o Brasil em meados do século XVIII – entre 1745 e 1749.

 

 Segundo o historiador Joaquim Rodrigues de Almeida, no esboço genealógico publicado no livro Cartas ao Irmão, que trata da vida do Conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira, bisneto de Luiz Rodrigues Milagres, nosso patriarca era um reinol com sonhos de grandeza e de boa origem, que optou por vir para a região das minas de ouro.

 

Estabelecendo-se nas Minas Gerais, o jovem Luiz Rodrigues Milagres casou-se na Freguesia de Santo Antônio de Ouro Branco, por volta de 1750, com Eufrásia Maria de Jesus, natural de Ouro Branco, filha de Francisco de Sousa Lima, português e da brasileira Maria Gomes de Oliveira, natural de São Gonçalo –RJ.
A família Sousa Lima, que também se expandiu para a região de Ouro Preto e para a Zona da Mata mineira, também teve grande projeção nas Minas Gerais.

 

A partir deste casal, a grei dos Milagres fixou-se nas Minas Gerais, expandindo-se inclusive para outros estados. O solar da Fazenda Boa Vista, em Catas Altas da Noruega, foi levantado por Luiz Rodrigues Milagres nas terras das quais comprou as posses. Contudo, não satisfeito, conseguiu aos 28 de setembro de 1753, carta de sesmaria de meia légua de terras, concedidas pelo governador da Capitania das Minas Gerais e Rio de Janeiro. Essas terras englobam hoje, além das atuais terras da comunidade rural da Boa Vista, também as da comunidade do Pau Grande e algumas em território laminense, na região do córrego da Fraqueza. Divididas entre Catas Altas da Noruega e Lamim (pertencentes à freguesia de Santo Antonio da Itaverava) e próximas da divisa do Guarapiranga (atual Piranga), essas terras foram o local onde o patriarca criou os seus filhos

 

 Segundo Joaquim Rodrigues de Almeida, Luiz Rodrigues Milagres e Eufrásia Maria de Jesus tiveram 10 filhos, sendo 4 varões e 6 mulheres, mas acredito tratar-se um de erro, pois em seu esboço genealógico, após essa informação, ele mesmo aponta os 5 filhos homens e apenas 5 mulheres, sendo iguais o número de filhos e filhas. Contudo, outro genealogista famoso, o cônego Trindade, em sua obra Velhos Troncos Mineiros, no capítulo sobre a família Milagres, aponta o nome de outra filha de Luiz Rodrigues Milagres, chamada Ana Maria Milagres, casada e com pelo menos um filho padre. Sendo assim, realmente o casal Luiz e Eufrásia teve 11 filhos, sendo 5 homens e 6 mulheres.

 

 Desde as origens, a família Milagres destacou-se na melhor sociedade das Minas Gerais, o que pode-se verificar pelo entrelaçamento de seus descendentes com famílias de destaque na história de Minas e do Brasil e alguns se destacaram inclusive internacionalmente. Entre fazendeiros, militares, magistrados, políticos, religiosos, artistas, pessoas ligadas à cultura e à nobreza, mas também entre pessoas de origem humilde, os Milagres construíram uma história sólida, motivo de orgulho para seus descendentes, hoje, em sua maioria pessoas simples e de bom coração, muitos com forte vocação religiosa.

 

 Temos como berço dos Milagres em Minas, durante o século XVIII, a região formada pelos atuais municípios de Catas Altas da Noruega, Lamim, Itaverava, Senhora de Oliveira, Piranga, Rio Espera, Santana dos Montes, Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco e Queluzito. Contudo, no século XIX os atuais municípios de Caranaíba, Ponte Nova, Viçosa, Capela Nova, Ouro Preto, Mariana, Prados, São João Del Rei, Barbacena, Senhora dos Remédios e Juiz de Fora, além de outros, foram importantes na história da família.

 

 E é justamente essa família formada por pessoas de caráter, e a todos os seus descendentes, estejam onde estiverem, não importando que tipo de atividade exerçam, desde os mais humildes, até os mais destacados, que homenageamos com este site. Entre e descubra um pouco mais sobre a grande família Rodrigues Milagres.

Cristiano João dos Reis Milagres de Paula